Brasileiro vive tensão no Líbano e relata troca de mísseis entre Irã e Israel

Saddam Haj Chaffouni viajou para o Oriente Médio após ritual religioso e está impedido de voltar ao Brasil por conta da escalada do conflito

Morador de Guarulhos (SP), o empresário Saddam Haj Chaffouni, de 34 anos, vive dias de incerteza e medo no Líbano após o início do confronto direto entre Irã e Israel, que começou na última sexta-feira (13) — noite de quinta-feira (12) no horário de Brasília.

Ele viajou ao Oriente Médio no dia 11 de abril para realizar o Hajj, tradicional peregrinação islâmica à cidade sagrada de Meca, na Arábia Saudita. Após concluir o ritual religioso, Chaffouni seguiu para visitar parentes no Líbano. Sua volta ao Brasil estava marcada para a madrugada da segunda-feira (16), mas foi surpreendido com a escalada dos conflitos.

“Na sexta-feira, quando vi que começou o ataque israelense no território iraniano, tudo virou uma bagunça. Passa míssil de um lado, míssil do outro, e a gente fica aqui sem saber o que fazer”, relatou à GloboNews.

"É como bala perdida, mas é um míssil"

Saddam está na cidade de Ghazze, no Líbano, e registrou imagens em que pelo menos nove pontos de luz cruzam o céu. “Você fica aflito porque você não sabe se vai cair [um míssil] aqui de repente. Igual como se fosse uma bala perdida, mas não é uma bala, é um míssil. Pode explodir uma casa, acabar com uma família. É estressante viver tudo isso.”

Brasileiros presos e sem informação

Saddam está acompanhado de outros seis brasileiros — sendo que quatro estão presos na mesma situação. Eles ainda não sabem quando conseguirão retornar ao Brasil. O empresário reclama da falta de assistência da companhia aérea Ethiopian Airlines, que cancelou os voos sem aviso prévio, não ofereceu hospedagem e não responde aos contatos.

“Colocaram ‘cancelado’ no site apenas na noite do voo. Descobri por terceiros, pois telefone e site do aeroporto estavam fora do ar. A companhia aérea não entrou em contato conosco em nenhum momento.”

De acordo com o site da Ethiopian Airlines, não há voos programados entre Beirute e o Brasil durante o mês de junho. Já outras companhias, como a Qatar Airlines, continuam oferecendo passagens para o mesmo trajeto.

"Queria voltar hoje"

“Queria voltar hoje, se pudesse. Ouvi dizer que o retorno pode demorar 20 dias. Não tenho condição de esperar a boa vontade deles. Estou na casa de parentes, mas toda essa situação é constrangedora.”

Saddam é casado e pai de três filhos. Ele afirma que a ansiedade da família no Brasil é grande. “Meus filhos e minha esposa estão me esperando. Para nós, o Hajj é um dos rituais mais importantes do Islã. Não imaginava passar por isso.”

Conflito Irã x Israel segue em alta

O confronto entre Irã e Israel já resultou na morte de 248 pessoas até esta terça-feira (17), segundo autoridades locais. Israel iniciou os ataques, matando líderes militares iranianos. Em retaliação, o Irã lançou mísseis balísticos, ferindo dezenas de pessoas.

O líder supremo iraniano, Ali Khamenei, classificou as ações de Israel como "provocação de guerra" e "grande erro". Israel, por sua vez, bombardeou a sede da TV estatal do Irã durante uma transmissão ao vivo. O Irã considerou o ato um “crime de guerra”.

Israel também estuda ações contra o próprio Khamenei. Segundo agências internacionais, Donald Trump teria vetado um plano semelhante enquanto ainda era presidente dos EUA.

Situação aérea no Oriente Médio

Na sexta-feira (13), o Flight Radar mostrou que o espaço aéreo de Israel foi completamente fechado, inclusive para voos comerciais. Embora o aeroporto de Beirute permaneça aberto, a movimentação aérea em países vizinhos está extremamente limitada.