Empresária brasileira no Irã diz que moradores estão saindo de Teerã e que há limitações de internet e combustível

🇮🇷 Brasileira relata tensão e instabilidade no Irã após ataques de Israel
Empresária alagoana conta que moradores estão deixando Teerã; internet instável e restrição de combustível afetam rotina no interior do país
A empresária brasileira Kyara Calheiros, natural de Alagoas, está no Irã desde abril e tem acompanhado de perto os efeitos dos recentes ataques aéreos de Israel. Hospedada em um sítio na região de Mashhad, no nordeste do país, ela relata que, apesar da tensão, não há falta de comida, água ou energia elétrica na área onde está.
“Em Mashhad, no domingo, na hora que aconteceu o bombardeio [a um aeroporto militar], eu não escutei barulho, mas a gente entendeu porque teve uma fumaça maior. Aí começaram as notícias”, contou Kyara. Ela estava a caminho do supermercado quando o trânsito ficou caótico. “Todo mundo começou a entender e queria sair do local, buscar suas casas.”
🏡 Moradores deixando as grandes cidades
Dona de uma agência de turismo em Maceió, especializada em trazer turistas do Oriente Médio — especialmente iranianos — para o Brasil, Kyara explica que muitos moradores de Teerã e outras cidades grandes estão buscando refúgio em áreas rurais.
“As pessoas estão deixando os grandes centros, buscando cidades menores. A cidade aqui onde nós estamos é um povoado pequeno, tem uma mesquita, alguns supermercados, e a maioria são casas de veraneio, como o sítio onde estamos.”
🌐 Internet instável e combustível limitado
Kyara destaca que a internet está instável, o que atrasou a entrevista ao portal g1. Além disso, os postos de combustíveis estão limitando o abastecimento a 30 litros por dia por pessoa.
Apesar disso, a rotina local segue com certa normalidade. “A gente comprou uma quantidade maior de comida para evitar sair daqui, mas não tem restrições. Os supermercados estão abertos, as lojas também. O fluxo de vida parece normal, mas todos falam sobre o que está acontecendo.”
⚠️ Recomendação para evitar áreas militares
Ela afirma que a televisão iraniana informa quando há previsão de bombardeios mais intensos. “O governo pede que as pessoas evitem essas áreas, ou, se puderem sair, busquem locais mais seguros, principalmente em Teerã. Às pessoas que moram perto de áreas militares foi pedido que saíssem de suas casas.”
🛫 Aeroporto fechado e incerteza sobre retorno
Kyara tinha passagem marcada de volta ao Brasil para o próximo dia 26, mas o aeroporto de Teerã está fechado e sem previsão de reabertura. Parte de sua família está no Brasil e parte no Irã. Ela mantém contato com cerca de dez brasileiros por meio de um grupo de WhatsApp, e relata que muitos cogitam deixar o país por via terrestre, através da Turquia ou do Azerbaijão.
Ela, no entanto, prefere não fazer essa travessia por enquanto e aguarda orientações da Embaixada do Brasil:
“Eu tenho contato com a Embaixada do Brasil. Até o momento ainda não existe nenhuma movimentação com relação a repatriação, como vimos acontecer em Israel.”
💱 Preocupação com a economia
Segundo Kyara, a principal preocupação entre seus amigos iranianos é com a situação econômica. “Hoje, por exemplo, o dólar aqui sobe muito. Já tem a questão das sanções, e isso complica mais ainda a situação do país.”
Ela afirma que o cenário já afeta seu trabalho com turismo:
“Eu trabalho com turismo, então isso me afeta diretamente. Os grupos que eu teria para levar ao Brasil, no momento, não tenho. A embaixada está fechada, não há como emitir vistos, não tem como fazer nada.”
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